Tive a oportunidade e o privilégio de ter contato com sua arte, infelizmente no mesmo ano em que ele nos deixou. Talvez ali eu não soubesse o quão fabuloso era o legado que passava a conhecer.
Daqui a cinco dias completam-se 10 anos de sua partida.
Pude me lembrar disso essa semana. Talvez eu nem tenha a memória fraca. No entanto, sou fraco para memórias.
Como hoje de manhã: acordei, lembrei, sorri e chorei.
E como não chorar quando sei que o mundo perdeu uma das provas da genialidade e compaixão humana? Um professor que em meio a destroços da guerra – esse produto mais notável e medonho do sistema que impera o mundo – mesmo ante a dor de perder tudo o que sua família construíra, de perder pessoas que amava, de passar, literalmente, fome, teve olhos para o próximo, e os que mais sofriam: os órfãos da guerra.
Ele queria formar homens e mulheres com coração.
Entendia que o potencial de qualquer criança não tinha limites.
Se a criança pudesse sentir que o som vinha do seu próprio sentimento, poderia, com muito estudo, um dia reproduzir o sentimento do coração de cada compositor da música que executasse.
O que ensinava não era apenas música. Ensinava a seus alunos a sentir, a compreender os sentimentos, e a cuidar deles.
Hoje fui fraco para memória. Foi o que aprendi na filosofia do Dr. Shinichi Suzuki que fez entortar o horizonte dentro do oco dos meus olhos, e o ver também é sentir.
Se não fosse ele, jamais poderia um dia ver Açucena brotar.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
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