sexta-feira, 28 de julho de 2006

cemitério de mim

Quando me vi não estava mais perdido... e me encontrei num cemitério, onde estavam enterradas todas as palavras não escritas, todas as palavras que não disse. A alma delas clamava por vida. Por que será que não as disse?!?!

Só me restou mesmo delas foi apenas a lembrança de parcos fios de cabelo desfeito e desalinhado, que grudavam na boca inerte, quando voltavas o olhar para mim.

Tristemente, vi estar ao centro do cemitério uma figueira, quase morta, e ao seu pé apenas restos do que um dia, num tempo de antanho e feliz, era vida, o verde... restos
restos

Um monte de restos, de cinzas que cobriam a lápide lisa clamando pelas palavras que não pronunciei por medo, por pudor, fraqueza, ou mera angústia e incerteza do que ouvir e dizer.

A figueira é a vida, a minha vida, que me estrangula, que não quer outro papel que não o principal, no túmulo jaz toda a vida que a minha vida consome – e quer mais, insaciável, rondando a todo instante meus pulmões a vida não me deixa estar vivo...é uma figueira seca e perversa a me cobrir com suas folhas mortas.