terça-feira, 8 de agosto de 2006

Botões e a saudade eterna

Tinha olhos vivos, inquietos. Ainda me lembro como se fosse hoje, e era tão bom vê-lo correndo, se divertindo ao cutucar um sapo, ou atrás de algum bicho bobo qualquer. Gatos folgados, patos, galinhas, lagartos, até moscas; eram bobos. Nunca queriam brincar. Também pudera! Como um menino, era de uma energia intensa, que era alegria perto de crianças como ele; era ternura perto do triste, era afago quando havia tristeza.

Hoje, só o vazio. Só a coleira de prata que é feita de ferro, que ainda guarda um certo morninho, um cheiro de toda a peraltice e vida que ele tinha. E fica lá, inerte, na cabeceira da cama, junto com um sapatinho amarelo de criança.

Ele foi a infância eterna, um menino. Não sabia falar, mas nem precisava: os ecos deles ainda ressoam na pedra, no gramado, no lago barrento, e, mais ainda... ele vive, entre a saudade e o silêncio.