Depois da chuva, foi ela quem falou. E bastou para ele se inundar de imenso, daquele oceano que desabava do céu.
Era a chuva, mas só depois dela...
Ficou quieto, deixando o imenso inundar os corredores do labirinto que tinha dentro dele, ao ponto de criar a desconfiança que estava sob o céu do Sião, e que por aqueles corredores e galerias pudesse até encontrar algo que fosse parecido com uma alma.
Depois da chuva, ela prometeu, enchendo o peito dele de esperança.
Mas a chuva não passava; ela não estava lá. Só o cantinho vazio, o mesmo canto que ele quis tanto que fosse dela. Aquela ausência, súbita e silenciosa, crescia como se fosse uma árvore, destinada a ser lenta e paciente.
Ele se lembrava. Depois da chuva. E com a lembrança vinha a esperança que por entre as nuvens ela também viesse, com aquele mesmo olhar que tomou posse do cantinho, dos seus anseios, até do jeito pasmem que ele tinha de olhar.
E ele ficou esperando a chuva passar, descobrir as estrelas e a tabula rasa que tinha dentro do peito.
Quem é o seu chaveiro? Eu deixei as portas fechadas, como você conseguiu?!?! É claro que ele tinha as dúvidas; ela entrou tão delicada e repentinamente naquele lugar desabitado, levando pra lá as inundações que tinha - até nas pontas dos dedos.
Depois da chuva será breve, virá depressa. Por que a inundação que ela sabia causar não era cheia de convicção e perfídia, ela não atuava!
Mas a chuva também inundava com uma sinceridade escancarada, tão direta como a dor de tantas bordoadas que ele sentia ao olhar para o cantinho... que já era dela.