A casa não é somente um lugar de dormir e comer; é onde o nosso mundo
tem sentido.
O lugar que ordena os objetos do nosso espírito, que corresponde às amplitudes da nossa própria alma, para além dos embaraços e constrangimentos
de acasos do tempo.
Porque ali fico despojado de tudo que as condições do tempo
e da história fizeram em mim. Livre do agora, do aqui, do instante. Porque é
luminoso e intenso e cheio de história, como uma ponte gasta no encontro de dois
rios.
E me dá uma vontade imensa de beijar todas as suas ousadias
do restante da vida. Porque mesmo longe da montanha, a casa me faz sentir acompanhado como
nunca.
A casa é o instante que aprendemos a ocupar nosso lugar na esperança, ou no mundo das nostalgias do futuro...
Disseram uma vez que é preciso morrer para ser pai de um poema. Não concordo; juro que o fundamental é simplesmente aprender a chegar em casa.