Outro dia, bem longe daqui, faz já uns meses, enforcaram um ex-chefe de Estado, um genocida. Mas enforcaram o homem, um velho, aspecto doentio e derrotado, num julgamento digno de fazer inveja aos tribunais do “santo” ofício. E fez-se circo da morte.
Nos pés do Himalaia matam pessoas que professam uma filosofia de paz e tolerância, em nome da ordem mantida sob a maior intolerância que existe: a intolerância de ouvir.
Mais perto, bem mais perto agora.
Não sei onde eles foram parar. Há algumas semanas estavam deitados lá, na portaria do prédio.
A degradação era tanta que não estavam apenas deitados. Estavam prostrados. A imundice que lhes cobria o corpo formava um véu que impedia que alguém pudesse ver a humanidade por detrás daqueles trapos.
E eram homens, mulheres, aqueles trapos.
Hoje não estão mais lá. Possivelmente ninguém se lembra deles, a não ser os que se incomodavam um pouco além do suportável e da indiferença.
Sub-homens, quase vermes. Pedem comida, restos, trocados, bazófias. Seus olhares conservam um brilho que nos remete apenas à agonia de quem clama por vida. A própria vida, a humanidade ou alguma coisa qualquer que possa se chamar de dignidade.
E nós displicente e indiferentemente os chamamos de mendigos.
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
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