Surge a chuva.
Não foi o Amauta quem criou a chuva. Há que ser audaz, mas nunca ao ponto de macular o azul do céu que ele forjou. Ainda sim, distante do seu dom de semear, a chuva se fez, de forma silenciosa e repentina.
"Quem pintou meu céu de cinza?", foi o cânone que embalou seu pranto durante a noite, junto com a lembrança do cheiro do seu céu, que insistentemente rodeava sua saudade.
A chuva é terrível, faz o frio, faz a dor, faz a saudade doer mais. "Quem pintou meu céu de cinza?", engole duro e seco enquanto olha para um trocinho de lã que ainda guarda o cheiro do seu céu.
Foi assim que o Amauta conheceu a chuva em seu jardim. Pode chover no seu céu, sem que ele impeça, mas ele sabe, até ele, que não vai chover para sempre.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
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