sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Teogonia XVII

Faz pouco mais de um mês, só.

E o inverno veio. E poetinha quis ser mais humano. Nesse tempo conheceu tanta dor, tanta tristeza aconteceu. Poetinha viu o Suplício.

Porque soube que o mundo perdeu, de todos as suas gentes, aquele que mais gostava de gente. Ele só queria conhecer o mundo da gente que sofre, que não tem onde dormir nem o que comer, que é aquela que faz da gente que não tem fome não dormir, com medo daqueles que tem fome. Sentia e sofria com ela. Só que ele também sabia sorrir com ela, e levava sorriso pra essa gente doída do mundo.

Mas o mundo não ficou mais triste não. Porque daquele sorriso, tão grande, tão humano, que vai ficar só saudade, poetinha saber que em alguma montanha nesse universo, ele estará lá, e vai fazer sorrir o bom Deus.

Poetinha tem visto o Suplício, a agonia de quem não perdoa. E viu que não praticar o perdão é tão ruim para a humanidade como uma mulher que chora.

E o Suplício do Coronel, homem colossal e forte e rude, mas de coração imenso, que mesmo sem forças murmurou aos seus ouvidos a sina da dor de Agamenon - porque ele por fim compreendeu que chegado estava à quadra senil.

Inverno dos Suplícios e lágrimas.

Só que poetinha já tinha Certeza dos caminhos para aquecer e amenizar seu olhar. Certeza, morninho essencial, que ensinou a poetinha todas as formas de traduzir os dialetos que o som da chuva lhe dizia.

Foi esse mesmo dialeto da chuva que poetinha aprendeu Certeza. E poetinha aprendeu a amar.

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