sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Teogonia IX

Naquele dia não havia nada no céu que não fosse nuvem.
E o que ela fez, nem o Sol faria. Encheu cada gota de chuva de saudade e sabor, e não houve horizonte que não quisesse caber dentro de cada uma dessas gotas.
Naquele dia, ele fez questão de não usar guarda-chuva. Deixou-se molhar de horizontes e da saudade dela. Foi a primeira vez na história que o Amauta se enxarcou de carinho.
Não foi nada semeado, foi só ela, que soube ser mais Açucena do que nunca.
Ele, Amauta, só teve que olhar pro alto. Nem um semeador de galáxias, pensava, poderia ter esculpido uma única criatura que carregasse em essência tantos sonhos profundos e doces.
Ela é real, a realidade que não é prolixa, mas a realidade que ele quis abraçar e pôr no colo. Real é só e tudo aquilo que se aprende a amar.
Cada gota, um horizonte, uma saudade, um afago.
Não mais uma história. Em cada gota, nossa história.

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