quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Lendas Pärtianas

De profundis, ou de onde veio o amor



Aconteceu na margem perto da foz de um rio.

O carreio do sol estava até bem perto do ocaso.

Um andante festivo regido por algum um maestro armando prazeres, de algum ponto mais bonito pro alto do universo. Foi o que se ouviu naquele instante, pra bem além daquele horizonte plano.

E poetinha, da ponte já tomada e domada de descuidado, pensou que até mesmo um sol precisaria daquelas mãos feitas pela aurora.

Viu que naquilo tudo todas as cores da sinfonia da tarde. Era dourado, e prateado, e cor de doce de leite, tinha cor de bronze até que a margem esquerda do rio foi ficando escura, e brilhava cada vez mais. Mais que o céu.

Só não brilhava mais que o olhar que se apoiava delicada e cuidadosamente na palma daquelas mãos.

Ah, poetinha então, como ente que penteia palavras, tirou do seu bolso um pente pequeno, com três dentes apenas, e danou a pentear.

Porque poetinha adorava as mãos e a dona das mãos. E penteou o adoro, e penteou e penteou, até sair a dor.

Poetinha achou por bem deixar o pente ali, no lugar da dor.

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