De profundis, ou de onde veio o amor
Aconteceu na margem perto da foz de um rio.
O carreio do sol estava até bem perto do ocaso.
Um andante festivo regido por algum um maestro armando prazeres, de algum ponto mais bonito pro alto do universo. Foi o que se ouviu naquele instante, pra bem além daquele horizonte plano.
E poetinha, da ponte já tomada e domada de descuidado, pensou que até mesmo um sol precisaria daquelas mãos feitas pela aurora.
Viu que naquilo tudo todas as cores da sinfonia da tarde. Era dourado, e prateado, e cor de doce de leite, tinha cor de bronze até que a margem esquerda do rio foi ficando escura, e brilhava cada vez mais. Mais que o céu.
Só não brilhava mais que o olhar que se apoiava delicada e cuidadosamente na palma daquelas mãos.
Ah, poetinha então, como ente que penteia palavras, tirou do seu bolso um pente pequeno, com três dentes apenas, e danou a pentear.
Porque poetinha adorava as mãos e a dona das mãos. E penteou o adoro, e penteou e penteou, até sair a dor.
Poetinha achou por bem deixar o pente ali, no lugar da dor.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário