sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Liturgias II

Primeiro Sermão

Hoje poetinha possui a origem de todos os poemas.

E não lhes direi aqui para buscar num Além duvidoso. Não, não é justo, é desumano.

Ainda assim, hoje poetinha possui a origem de todos os poemas

Porque não há tamanha tirania do que um divino que escapa até mesmo os sonhos mais doces e profundos. E de que valeria o céu inteiro se os sonhos forem sepultados?

A troco de quais misérias triviais os sonhos foram sepultados? E que se ergam seus muros infindáveis e infames, a dividir o mundo. Não adianta mesmo, não dividirão seus sonhos: poetinha possui, hoje a origem de todos os poemas.

Que possuam tudo, milhares de sóis não lhes servirão a destroçar os sonhos.

Hoje poetinha possui a origem de todos os poemas, porque o pão que é corpo é feito de farinha de estrelas, aquelas mesmas que semeiam estradas inteiras, e caminhos, e sonhos e delas brotam os sumos do céu a toda manhã... origem de todos os poemas.

Porque os muros e sóis não contém o outro lado. Do lado de lá, onde o sonho habita sorrindo, como uma criança segurando uma margarida, ou um balão que é um gesto de carinho.

Hoje poetinha possui a origem de todos os poemas, exatamente porque tem a Lua como par.

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